Desta vez, o post é diferente. Lançamos o desafio à família, que foi connosco partilhar um dia de escalada, e quisemos saber, por eles, que raramente escalam, o que acharam deste dia.
O Alcino, para além de escalar, divertiu-se a testar umas filmagens e o resultado foi este:
Haverá melhor dia que o domingo? Acordamos e chove lá fora. Haverá melhor dia para ficar na cama até tarde e gozar o dolce far niente? Era só isso que eu queria naquela manhã chuvosa…
Haverá melhor dia que o domingo para acordar cedo e aproveitar ao máximo? Não, não há. Chove lá fora… e depois? Uma chuvinha nunca matou ninguém!
Mas quando se tem um filho que não para, que adora desporto, não se conhece verdadeiramente o conceito de descanso. Por isso, levantei-me contrariada, vesti-me e lá fui eu…
Mas quando se tem uma mãe muuuuuuuuito preguiçosa é preciso pô-la a mexer. Por isso, levantei-me cheio de energia e lá fomos nós: eu e a minha mãe.
Fomos de carro até à casa do meu mano e da minha cunhada: mais dois doidos prontos a enfrentar a chuva em troca do prazer de escalar. Aí juntou-se a nós o Miguel e mais tarde o Alcino. E lá fomos nós. Eu sempre a pensar no quentinho da cama que deixara para trás. Chegados à Redinha, tomámos o pequeno-almoço e depois arrancámos rumo ao destino final. Após uma caminhada pelo terreno enlameado e escorregadio, por entre urze e arbustos, chegámos ao local onde iríamos escalar; eu limitar-me-ia a fazer uma triste figura, tentando trepar uma parede que me parecia monstruosa e invencível.
Abrigado numa pequena gruta, aprendi a fazer o nó de oito e a encordar-me. Foi um desafio engraçado que eu consegui superar, embora agora já não me lembre de como se faz. A Ana é uma óptima professora, mas não voltei a praticar, por isso acabei por esquecer.
A aprender a encordar
Logo que parou de chover e o sol espreitou tímido por entre as nuvens, o pessoal, ávido de escalada, começou entusiasmado a preparar tudo. Os especialistas foram abrindo vias (estarei a dizer asneiras?!), com o Alcino sempre a filmar, esforçando-se por não perder pitada. Chegou a vez do Daniel escalar e a minha expectativa era grande, não só porque, como mãe, é minha função babar por tudo o que ele faz, mas porque achei que se ia sair muito bem, já que escala no Clube de Escalada da Maia. Mas o rapaz deixou-me ficar mal, desistindo a meio do percurso.
A tentar escalar aquela parede, percebi que era muito diferente daquilo que fazia no clube. Aí já conheço as presas e sei onde estão. Basta-me fazer umas três ou quatro vezes para conseguir decorar uma via. Como não consegui fazer o percurso todo, foi a vez da minha mãe, talvez para me incentivar.
Uma primeira tentativa (não é tão fácil como no CEM)
Claro que tinham de se lembrar de me porem a escalar! Não que eu não goste, porque até gosto bastante. O que me chateia mesmo são os pés de gato! Como tenho uns pezinhos de princesa (feios, mas delicados!), aquilo é pior do que tortura chinesa para mim! Por isso, tive vontade de desistir o tempo todo, não pela dificuldade do percurso, não por falta de força, mas sim porque os malditos pés de gato, que segundo disseram eram um número bem acima do que eu calço, apertavam como tudo e só me faziam pensar nas minhas enormes pantufas de pirata! Morte a quem inventou os pés de gato! Mas, com muita dor nos meus queridos pezinhos, lá consegui chegar ao fim. A vista lá de cima era magnífica e fez valer a dor nos pés. De qualquer forma já decidi: da próxima escalo com as minhas pantufas! Ninguém me convence mais a calçar uns terríveis pés de gato!
Mãe em acção
Manuela a mostrar como se faz
À segunda tentativa, estava novamente com vontade de desistir, mas a minha mãe deu-me a motivação necessária:
– Daniel, escala-me já isso! Eu ando a esfalfar-me para te levar à escalada todas as semanas e a gastar dinheiro para chegares aqui e desistires?! Quero-te ver lá em cima e depressa!
Com esta motivação até subia ao Kilimanjaro! Não chateiem as vossas mães, se não é isto que vão ouvir.
A verdade é que cheguei ao topo e pude apreciar a vista incrível. E depois desta minha vitória, já não quis parar e fiz outra via também com sucesso.
Com persistência tudo se consegue
A experimentar (e desfrutar) de uma via bem mais difícil
A escalada continuou e, enquanto todos estavam ocupados, eu lutava contra o sono que me costuma assolar depois do almoço. Sem a cafeína que tem o dom de me manter desperta, o sono levou a melhor e eu acabei por adormecer com a cabeça em cima de uma pedra. Acordei quando o meu mano, com a sua habitual simpatia e sensibilidade, comentou em voz bem alta:
– Ei, a Nelinha está a babar-se toda em cima de uma pedra!
Felizmente, o Alcino e a sua câmara estavam demasiado ocupados para registar o momento. A minha reputação continua a salvo… por enquanto!
Como o que é bom acaba depressa, tivemos de ir embora. Mas com grande pena minha, que passei o tempo todo a reclamar, e por mim teríamos ficado lá.
Um dia bem passado em Poios
No regresso a casa, tinha a sensação de que fora um dia fantástico, um dia que queria repetir, mesmo que toda a gente tenha troçado do meu lindo gorro. Ainda bem que os filhos existem para nos tirar da cama cedo e, cheios de energia, nos põem a mexer. Ainda bem que existem irmãos e cunhadas doidos por escalada e pelo contacto com a natureza! Obrigada a todos por tão bons momentos.
Muito obrigado a todos por este dia espectacular e tão divertido!
Por: Manuela Duarte e Daniel Duarte Nunes
A DUAS FACES é especialista em desenvolvimento de new e media. Criamos sites dinâmicos com backoffice, implementação a redes sociais e versão mobile